Continua a escrever-se couve-flor, porque as palavras que designam espécies botânicas (plantas, flores, árvores, frutos, vegetais...) e as palavras que designam animais mantêm o hífen.
Na verdade, segundo o Novo Acordo Ortográfico, pode escrever-se das duas formas. A designação de logradouros públicos, monumentos e edifícios pode ser feita com maiúscula ou minúscula.
Assim, podemos escrever:
igreja de Jesus ou Igreja de Jesus
avenida da Liberdade ou Avenida da Liberdade
rua da Paz ou Rua da Paz
torre dos Clérigos ou Torre dos Clérigos
Note-se que isto apenas acontece para as designações dos lugares (igreja, rua, praça, avenida, castelo...) porque o nome atribuído a esse lugar continua com maiúscula.
Caso esteja em Portugal, poderá continuar a escrever "facto".
Este é mais um dos casos de "dupla grafia", ou seja, como se considera que um determinado grupo de falantes (variante culta) pronuncia o "c", dizendo faKto, este pode conservar-se ou retirar-se facultativamente.
Segundo a alínea b), do parágrafo 1.º da Base IV do Acordo Ortográfico, o "p" da palavra "Egipto", por ser mudo, deve ser eliminado. Assim, deve escrever-se EGITO.
Esta regra aplica-se a outras palavras em que haja um "p" que não se pronuncia, nas sequências "pc" e "pt":
Antes do Acordo
Depois do Acordo
Egipto
Egito
óptimo
ótimo
adopção
adoção
baptizar
batizar
baptismo
batismo
contraceptivo
contracetivo
susceptível
suscetível
excepção
exceção
decepção
deceção
Contudo, quando o "p" é pronunciado, a grafia mantem-se:
Adepto
Egípcio
Núpcias
Opção
Rapto
Eucalipto
Há também dupla grafia nos casos em que haja um grupo de falantes que pronunciem o "p", em palavras como:
Com o acordo ortográfico a palavra "ficção" manter-se-á igual. Tal como foi referido no artigo anterior, só se retirará o "c" nos casos em que este não for pronunciado. Haverá até casos em que algumas palavras terão dupla grafia, podendo ser escritas com ou sem "c" como é o caso da palavra "facto". É o que explica a alínea c) da Base IV do Acordo Ortográfico:
"c) Conservam-se ou eliminam-se facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento:
aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição;
Sim. As letras k, w e y passam oficialmente a fazer parte do alfabeto da língua portuguesa, que passa a ser, deste modo, constituído por vinte e seis letras:
a Aá b Bbê c Ccê d Ddê e Eé f Fefe g Ggê ou guê h Hagá i Ii j Jjota k Kcapa ou cá l Lele m M eme n Nene o Oó p Ppê q Qquê r Rerre s Sesse t Ttê u Uu v Vvê w Wdâblio ou dáblio x Xxis y Y ípsilon ou i grego z Zzê
O Acordo Ortográfico que está agora a ser implementado não é algo recente. As primeiras tentativas de aproximação ortográfica das diversas variantes da língua portuguesa, em especial a variante brasileira e a portuguesa, datam dos anos trinta do século XX. Com efeito, o Primeiro Acordo Ortográfico, que partiu da iniciativa da Academia Brasileira das Letras, data de 1931, mas nunca viria a ser ado(p)tado. Seguiram-se outros textos publicados em 1942, 1943, 1945, 1971, 1975... todos sem sucesso, porque Portugal e Brasil nunca se conseguiram entender relativamente a estes diplomas: quando um ado(p)tava um documento, o outro não o aceitava... e assim o Português do Brasil e o Português de Portugal foram-se afastando cada vez mais...
Ora, com o 25 de Abril e a independência das antigas colónias, novos problemas se colocaram à Língua Portuguesa. Em 1986, numa reunião entre representantes dos sete países de língua portuguesa (CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe), no Rio de Janeiro, foram estabelecidas as primeiras bases para um acordo. Contudo, mais uma vez, as normas aí estabelecidas não viriam a ser aplicadas.
Em 1990 surgiu finalmente o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Trata-se de um tratado internacional que foi assinado por representantes oficiais dos sete países da CPLP, em 16 de Dezembro de 1990, depois de uma longa negociação entre a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, iniciada em 1980! Este tratado viria a ser assinado em 2004 por Timor-Leste, após a independência deste país.
Mas, pergunta-se talvez o leitor, se o Acordo foi assinado em 1990, porque é que só agora está a começar a ser implementado? Acontece que o documento previa no seu artigo 3º que entrasse em vigor a 1 de Janeiro de 2004, desde que todos os países envolvidos o tivessem ratificado. Como isso não aconteceu (só Portugal, Brasil e Cabo Verde é que o ratificaram) a sua entrada em vigor ficou pendente.
Seguiram-se duas reuniões de onde saíram dois protocolos modificativos: em 1998, para retirar do texto a data de 1 Janeiro de 1994 e em Julho de 2004 onde se estabeleceu que para que o Acordo fosse aplicado, bastaria que três países o ratificassem.
Finalmente em 2008, os chefes de Estado e de Governo da CPLP manifestaram o seu regozijo pela entrada em vigor do Acordo Ortográfico e estabeleceu-se que a partir de 2013 o Acordo passaria a ser obrigatório. O Brasil começou a aplicar o Acordo a 1 de Janeiro de 2009.
Este blogue tem por objectivo responder a algumas dúvidas relativas ao novo acordo ortográfico, cuja implementação já começou em muitos dos países envolvidos e, em Portugal, está a começar a dar os primeiros passos.
O acordo prevê alterações ortográficas que ultrapassam a queda de algumas consoantes mudas e se passe, por exemplo, a escrever "correto" em vez de "correcto". Devido à complexidade de algumas das regras, algumas dúvidas têm-me surgido, daí, à semelhança do que fiz no blogue Em Português Correcto, pretendo colocar aqui as minhas conclusões e, ao mesmo tempo, estar rece(p)tiva para tentar responder às questões que os leitores tiverem. Este espaço não será, portanto, só meu. É a partir deste momento também vosso. Para isso, podem colocar as vossas questões sob a forma de comentário ou enviá-las para o e-mail acordo2011@gmail.com.